Entendendo a atuação do W3C para a Web dos Dados (fala do W3C Web Activity)

23 out de 2017, por OKBR

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Foto: Creative Commons CC0.

Por Thiago  Ávila*

Conforme estamos explorando nesta série de artigos [1] e [2] o crescimento da oferta de dados global vem trazendo desafios interessantes e, entre os caminhos para o melhor aproveitamento do potencial destes dados, a “Web dos Dados” vem se consolidando como o novo paradigma para os próximos anos.

Isso se deve porque cada vez mais as aplicações Web têm fornecido acesso aos dados e, consequentemente, consumindo-os. Desde visualizações simples às ferramentas interativas sofisticadas, há uma crescente dependência da disponibilidade de dados que pode ser “baixa” ou “intensa”, vir de origens distintas, e ainda em diferentes formatos. Entretanto, os dados têm sido publicados de forma desconectada e descoordenada de outros publicadores e muito menos sem uma modelagem adequada e vocabulários comuns. Neste contexto, o W3C estabeleceu o W3C Data Activity [3] que reconhece e trabalha para facilitar o potencial de integração e processamento de dados em escala da Web mediante um conjunto de ações e diretrizes que incluem padrões de troca de dados, modelos, ferramentas e guias para a construção da Web dos Dados.

A visão geral do W3C Data Activity [3] é que as pessoas e organizações devem ser capazes de compartilhar dados, tanto quanto possível, utilizando suas ferramentas existentes e desenvolvendo práticas que habilitem outros usuários a gerar dados derivados agregando-os alto valor, utilizando-os da melhor maneira que desejarem. Indo além da interoperabilidade dos dados, mas das comunidades produtoras e usuárias.

O W3C Data Activity [3] está sendo desenvolvido de forma integrada sobre as atividades já existentes de Governo Eletrônico (eGovernment) e Web Semântica, tendo atualmente os seguintes grupos de trabalho em atividade:

  • Spatial Data on the Web Working Group (Grupo de Trabalho de Dados Espaciais na Web) [4] – Objetiva o desenvolvimento das melhores práticas para publicação e consumo de dados geoespaciais para a Web, visando sua integração com outros conjuntos de dados e ainda, ampliando o potencial do consumo destes dados por máquinas;
  • RDF Data Shapes Working Group (Grupo de Trabalho de Camadas de dados em RDF)[5] – Objetiva o desenvolvimento de uma recomendação que estabeleça as limitações estruturais e validação de dados descritos em RDF;
  • Linked Data Platform Working Group (Grupo de Trabalho para uma Plataforma de Dados Conectados)[6] – Objetiva o desenvolvimento de uma recomendação e padrões para a integração de aplicações baseadas em HTTP (RESTful) para leitura e escrita de Dados Conectados;
  • Data on the Web Best Practices Working Group (Grupo de Trabalho de Boas Práticas de Dados na Web)[7] – Objetiva o desenvolvimento das melhores práticas para publicação e consumo de dados para a Web visando desenvolver um ecossistema de dados abertos, provendo guias e orientações para publicadores de dados promovendo especialmente o seu reuso, bem como aprimorar a confiança em torno dos dados incrementando o seu potencial para a geração de novas informações
  • CSV on the Web Working Group (Grupo de Trabalho sobre CSV na Web)[8] – Objetiva o aprimoramento de tecnologias em que aplicativos dependentes de dados na Web possam oferecer maior interoperabilidade ao trabalhar com conjuntos de dados usando o formato CSV (valores separados por vírgulas) ou formatos semelhantes.
  • Semantic Web Interest Group (Grupo de Interesse da Web Semântica)[9] – Anteriormente conhecido por grupo de interesse sobre o Resource Description Framework (RDF), visa promover a discussão sobre o desenvolvimento e o uso da Web Semântica, incluindo as suas tecnologias como o RDF, OWL (Ontology Web Language) e o SPARQL (SPARQL Protocol and RDF Query Language).
  • Semantic Web Health Care and Life Sciences Interest Group (Grupo de interesse sobre a Web Semântica para a Assistência Médica e Ciências da Vida)[10] – Objetiva o desenvolvimento, o incentivo e o suporte ao uso da Web Semântica na área da assistência médica, ciências da vida e pesquisa médica.
  • Data Activity Coordination Group (Grupo de Coordenação)[11] – Objetiva o desenvolvimento e a coordenação de toda a Web Data Activity.

Outros dois grupos, não menos importantes, encerraram suas atividades após conclusão de relevantes trabalhos que são o:

  • RDF Working Group (Grupo de Trabalho para o desenvolvimento do RDF) [12] – Objetivou o aprimoramento do RDF incluindo novos recursos desejáveis e importantes para a interoperabilidade;
  • E ainda, o Government Linked Data Working Group (Grupo de Trabalho para os Dados Conectados Governamentais)[13] que objetivou o desenvolvimento de padrões que apoiassem governos a publicarem seus dados de forma efetiva e conectada, utilizando as tecnologias da Web Semântica. Este grupo destacou-se pela produção de importantes guias para a oferta de dados governamentais, dentre eles as “Boas Práticas para Publicação de Dados Conectados”, guia que será explorado nos próximos artigos desta série.

Felizmente, apesar da problemática do artigo anterior, as perspectivas podem ser promissoras considerando todo este maravilhoso trabalho que vem sendo desenvolvido por inúmeros especialistas mundo a fora sob a coordenação do W3C. Nos próximos artigos estaremos explorando ainda mais a Web dos Dados, buscando entender como ela está sendo estruturada, os novos conceitos e aplicações relevantes.

Até a próxima!!!

* Estes artigos contam são oriundos de pesquisas científicas desenvolvidas no Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES), do Instituto de Computação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e contam com a contribuição direta dos pesquisadores Dr. Ig Ibert Bittencourt (UFAL), Dr. Seiji Isotani (USP), e Armando Barbosa, Danila Oliveira, Judson Bandeira, Thiago Ávila e Williams Alcântara (UFAL).

[1] Ávila, Thiago (2015). O que faremos com os 40 trilhões de gigabytes de dados na Web?. Disponível em: http://areasdeintegracao.blogspot.com.br/2015/07/o-que-faremos-com-os-40-trilhoes-de.html

[2] Ávila, Thiago e Bandeira, Judson (2015). A Web dos Dados. Disponível em: http://areasdeintegracao.blogspot.com.br/2015/08/aweb-dos-dados-por-thiago-avila-ejudson.html

[3] W3C. (2013). W3C Web Activity – Building The Web of Data. Disponível em: http://www.w3.org/2013/data/

[4] W3C. (2015). Spatial Data on the Web Working Group. Disponível em: http://www.w3.org/2015/spatial/wiki/Main_Page

[5] W3C. (2014). RDF Data Shapes Working Group. Disponível em: http://www.w3.org/2014/data-shapes/wiki/Main_Page

[6] W3C. (2012). Linked Data Platform Working Group. Disponível em: http://www.w3.org/2012/ldp/

[7] W3C. (2013). Data on the Web Best Practices Working Group . Disponível em: http://www.w3.org/2013/dwbp/

[8] W3C. (2013). CSV on the Web Working Group. Disponível em: http://www.w3.org/2013/csvw/

[9] W3C. (2001). Semantic Web Interest Group. Disponível em: http://www.w3.org/2001/sw/interest/. Acesso em: jul. 2015

[10] W3C. (2010). Semantic Web Health Care and Life Sciences Interest Group . Disponível em: http://www.w3.org/blog/hcls/

[11] W3C. (2013) Data Activity Coordination Group . Disponível em:

[12] W3C. (2011) RDF Working Grouphttp://www.w3.org/2011/rdf-wg/wiki/Main_Page

[13] W3C. (2011) Government Linked Data Working Group – http://www.w3.org/2011/gld/wiki/Main_Page

*Texto publicado no site Thiago Ávila. Ele faz parte da série de artigos Dados abertos conectados.